Informações básicas


Esperanto: a voz do mundo

Índice:


O que é o esperanto?

A comunicação entre pessoas de diferentes línguas maternas apresenta-se hoje como um problema de resolução cada vez mais urgente. Mais do que nunca, o direito e a necessidade de comunicar fazem parte do dia-a-dia, mas, hoje como sempre, o pleno exercício desse direito ou a eficaz satisfação dessa necessidade veêm-se dificultados pela barreira da língua.

De entre todas as soluções possíveis para este problema -- considerando como válidas apenas aquelas que já hoje são praticadas naturalmente, sem esperar por algum tipo de "reconhecimento oficial" -- destaca-se o esperanto, que acumula em si virtualmente todas as vantagens e nenhuma das desvantagens das restantes soluções usadas para obviar a barreira linguística na comunicação internacional.

O esperanto é, no mínimo, uma língua como qualquer outra. Não é -- e vale bem mais do que -- um qualquer "código" convencional. Com o esperanto, de facto, faz-se (e isto é mais do que simplesmente dizer que «pode-se fazer») tudo o que se faz com qualquer outra língua. Preconceitos acerca de "artificial" e "estéril", que não vacilam mesmo perante a mais impressionante literatura técnica, a mais virtuosa oratória ou as mais límpidas traduções, ruem ante a espontaneidade de uma tertúlia cavaqueante, de internacionais brincadeiras de recreio ou da inspiração do poeta vertendo directamente o sentimento em esperanto.

Além disso, o esperanto é um espaço de comunicação neutral. Com o esperanto não há a nossa conversa na tua língua, nem mesmo na língua dele. Mais do que a «língua de ninguém» é potencialmente a «língua de todos», lado a lado com a imprescindível e intransmissível língua materna.

Com o esperanto, a comunicação é imediata, directa. É bem mais (e melhor) do que «cada um falando a sua língua», traduzindo-a numa língua ponte. A sua utilização em regime de dedicação exclusiva à comunicação "inter- nacional" confere-lhe um carácter de cadinho cultural -- mais que um denominador comum --, uma verdadeira plataforma de cedência e abertura, mútuas e igualitárias.

A somar às características teóricas ligadas à necessária neutralidade de uma língua-ponte, a extraordinária facilidade de aprendizagem do esperanto é outro ponto a seu favor. A sua estrutura simples (mas não simplista!) é um espaço de (re)conhecimento de cariz semântico e gra-matical com características paradigmáticas, cujo papel propedêutico, embora acessório, não deixa de ser de importância capital nos dias de hoje, caracterizados por uma necessidade imperiosa de comunicação eficaz, neutral, espontânea e fácil.


Sempre em movimento:

O que fazem as associações de esperanto

Dispersos por todo o mundo os esperantófonos têm uma necessidade vital de estarem minimamente organizados em diversas associações, pelo menos para assegurar o contacto entre si. Para além das organizações especializadas, ideológicas ou confessionais, desempenham um papel essencial no seio do movimento as associações chamadas "neutrais", que funcionam a nível nacional, regional e supra-nacional.

Para além de congregarem os esperantófonos de uma dada região, garantem uma série de serviços básicos à comunidade esperantista, como sejam a veiculação de informação, tipicamente através da edição de um boletim, ou intermediar diversos bens e serviços, especialmente a manutenção de bibliotecas e similares, a venda de livros, assinatura de periódicos e participação em congressos e encontros.

Naturalmente, estas associações, desde os milhares de clubes locais até à Associação Universal de Esperanto, funcionam independentemente dos Estados, elegendo internamente os seus órgãos sociais e definindo autonomamente a sua estratégia -- com excepção de alguns países, como Cuba ou, até recentemente, toda a Europa de Leste, onde os esperantistas eram "arregimentados" sob organizações-"tecto", com dirigentes nomeados e planos de acção subordinados a uma determinada política estatal. O verso da moeda era, nestes casos, o volumoso apoio oficial concedido às associações esperantistas, que contrastava com a situação vivida no resto do mundo, onde os subsídios estatais são geralmente pouco abundantes.

Para além de servirem de elo de ligação entre os seus sócios e destes com os esperantistas do resto do mundo -- tanto mantendo como estimulando esses mesmos contactos --, e de outras formas promover a utilização do esperanto, as associações esperantistas dedicam-se fundamentalmente também à "criação" de novos esperantistas, tanto na informação sobre o esperanto junto do grande ao público, como, junto dos entretanto interessados, no ensino da língua -- seja através da organização directa de cursos, do patrocínio destes no seio doutras instituições (escolas, et c.), ou do fornecimento de material autodidático e respectivo apoio.

São igualmente as associações de esperanto o repositório habitual da "memória colectiva" do movimento, concentrando-se nos seus pergaminhos marcas da já centenária História do esperanto.

A Associação Portuguesa de Esperanto, fundada em 1972 após um longo processo de reabilitação do esperanto aos olhos do Governo de então, é bastante típicas das várias dezenas doutras que congregam cerca de 60 000 esperantistas em todo o mundo. Com uma massa associativa abaixo de meio milhar, a sua estrutura representa, resulta e molda a fase actual do esperanto em Portugal, caracterizado por um fosso geracional muito pronunciado (com picos da massa associativa nas faixas etárias dos 70 e dos 20 anos, devidos a uma dinâmica recente após um longo marasmo), e uma concrentração macrocéfala na região de Lisboa.

Paradigma refinado de uma preferência constante pela qualidade em detrimento da quantidade -- um traço característico do Esperanto a nível global --, o movimento esperantista português, tem-se caracterizado (intencional ou fortuitamente) pela elevado nível atingido nas suas, de resto escassas, actividades.


A sala de visitas global:

Turismo em esperanto

Efeito do seu número reduzido ou real prenúncio de um Mundo de concórdia unido por uma segunda língua neutral e comum? Ninguém sabe, mas a verdade é que os esperantistas mantém entre si fortes laços de empatia, que, ainda que pouco evidente nas acesas discussões sobre estratégia ou terminologia, faz de uma volta ao mundo um passeio e de todo o planeta uma aldeia. É neste fenómeno que se baseia o turismo em esperanto, naquele raciocínio «Ora esta pessoa é esperantista como eu, daí que vou esperá-la ao aeroporto e levá-lá àquela pensão que eu sei que é mais barata e melhor, ou mesmo hospedá-la no sofá da sala e vou mostrar-lhe os sítios mais interessantes da minha região, evitando os lugares "batidos" e cheios de turistas». O mais famoso anuário turístico em esperanto, o Pasporta Servo, editado pela Organização Mundial de Jovens Esperantistas, apresenta várias centenas de endereços, em dezenas de países, de pessoas que aceitam, sob condições diversas, hospedar gratuitamente outros esperantistas. Não é raro encontrar experimentados globetrotters esperantófonos que, ao fim de seis ou sete milhares de quilómetros, nunca precisaram de se instalar num hotel! Este efeito, aliado à sua natural curiosidade e espírito de descoberta, faz do turismo uma área muito esplorada pelos esperantistas, que tem justificado uma relativamente abundante e variada edição de prospectos turísticos em esperanto -- nos quais Portugal pontua com um folheto sobre o Algarve e duas brochuras sobre Sintra.


O mundo é pequeno:

Encontros e congressos de esperanto

Nada substitui o contacto directo. Os encontros e congressos de esperanto reunem anualmente muitos milhares de esperantófonos, que aí acorrem não só para fazer turismo ou praticar a língua, mas especialmente para rever velhos conhecidos, travar novas amizades e mergulhar numa vivência única (kongresetoso), que só a comunicação espontânea em segunda língua neutral dá.

Há-os de todos os tamanhos: desde pequenos encontros de fim-de-semana organizados por clubes locais (onde no entanto não é raro encontrar um ou outro esperantista estrangeiro), que congregam quinze ou vinte pessoas, até aos Congressos Universais, organizados pela Associação Universal de Esperanto, onde se reunem vários milhares de esperantistas, oriundos de mais de uma centena de estados.

Os encontros e congressos de esperanto são uma oportunidade sempre única para inúmeras actividades: conferências, debates, colóquios e discussões sobre os mais variados temas, espectáculos teatrais, concertos e sessões de autógrafos, eventos desportivos e lúdicos, sessões para-universitárias pelos mais doutos "lentes" esperantófonos, excursões e outras actividades turísticas, exames de esperanto em vários níveis, venda de livros, cassetes, assinatura de jornais e revistas ou angariação de sócios para mais uma das muitas
agremiações esperantistas. A variedade é a tónica dominante, mas -- entre uma revigorante expedição de alpinismo da Associação Suíça de Esperanto, um calmo retiro de esperantistas católicos em Czestochowa ou um concerto de rock em esperanto num Congresso Juvenil Internacional -- em comum há certamente o convívio entre pessoas das mais variadas proveniências, comunicando em pleno, sem esforço e sem cedências.


cxiuj malsamaj, cxiuj egalaj

Política em esperanto:

do lobbying neutral...

Apesar de toda a pragmática dos esperantistas actuais, apesar de tudo quanto já foi feito a partir de condições iniciais tão improváveis, apesar dos bons resultados obtidos investido na divulgação junto do "público em geral" -- apesar de tudo isso, a sensibilização de entidades governamentais na mira de apoios e reconhecimento para o

Esperanto newtrala

esperanto nunca deixou de ser um importantíssimo campo de acção. Exemplos deste esforço abundam: Duas resoluções favoráveis da UNESCO (datando de 1954 e 1992) e o consequente estebelecimento de relações consultivas entre esta instituição e a Associação Universal de Esperanto evidenciam-se entre inúmeras declarações e resoluções menores em vários países. Em Portugal, entregou-se na Assembleia da República em 1993 uma petição com 2500 assinaturas pedindo a introdução do esperanto no ensino secundário como disciplina opcional, a exemplo do que já foi conseguido noutros países. Sugestões conducentes à "oficialização" do esperanto a médio ou longo prazo tem como "alvo" principal a União Europeia, existindo mesmo um grupo sempre crescente de eurodeputados favoravelmente sensibilizados neste sentido (18% do hemiciclo em Março de 1996). É pelo êxito e seriedade destas campanhas e também pela salvaguarda da tolerância -- um valor muito caro aos esperantistas -- que as associações de esperanto mantêm geralmente uma severa neutralidade nas suas actividades e posições.

...às militâncias globais.

O que têm as associações de esperanto em neutralidade e apartidarismo, tem geralmente cada esperantista individual em convicções e ideias próprias. É mais um campo em que a variedade domina, embora limitada pela evidência de que um adepto do esperanto será certamente alguém que de alguma forma valoriza a igualdade e a tolerância... Não faltam assim grupos organizados de esperantistas que, das mais diversas formas, ligam os adeptos esperantófonos desta ou daquela tendência ideológica.


Religião em esperanto:

esquecer Babel

A ideia de comunhão de ideias entre gente de todo o mundo não poderia ser estranha à atitude missionária da maioria das confissões religiosas. Assim, cedo o esperanto foi abraçado por adeptos das mais variadas Igrejas, tanto como uma forma puramente individual da sua viência, a princípio, como nalguns casos chegando a um apoio institucionalizado da hierarquia a actividades religiosas veiculadas em esperanto -- principalmente a realização de serviços religiosos em esperanto ou a sua utilização no esforço missionário (de onde se destacam as emissões da Rádio Vaticano, ou as abundantes publicações sobre Ômoto, uma denominação xintoista). Mais ainda, diversos teólogos lograram mesmo ver no esperanto o veículo do entendimento global que a sua religião antevê para o Paraíso terreal, como acontece com os esperantófonos espíritas e bahaistas.


Mais do que um passatempo:

o esperanto aplicado

Mais do que um fim ou um princípio, o esperanto é um meio. Assim pensam os seus praticantes, que não deixam de aprofundar as vantagens de comunicação que esta língua oferece. O mais eloquente exemplo deste fenómeno é a quantidade e variedade de associações de esperantófonos dedicadas aos mais diversos campos da actividade humana. Trata-se de grupos de interessados que usam o esperanto para informar e informar-se sobre a área em questão, fazendo assim evoluir a terminologia da língua nos mais variados campos.


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